Primeiras impressões: FUVEST

04:51

 Estou prestes a fazer a FUVEST  pela primeira vez. Se estou com medo? Bem, a realidade é que nem estou me importando muito. Foram-se os dias em que a USP era um dos grandes sonhos da minha vida. O modo que estou hoje, por exemplo, é bem diferente de como estive durante o ENEM. Durante aqueles dois dias suei frio, tive medo e fiquei decepcionada comigo mesma.
Já agora nem vou reclamar se não passar para a segunda fase, porque

1° Não estudei o suficiente;
2° Novamente, a USP não é a minha primeira opção, nem meu sonho;
3° Se eu passar para a segunda fase, a pressão em cima de vestibular continua até janeiro, e sim, isso é um enorme porre. (Não que houvessem grandes problemas se eu passasse para a segunda fase, entretanto, eu tenho consciência que ir bem na segunda fase era algo quase que impossível).

Porém, caso ocorra algum milagre e eu passe para a segunda fase, e até entre na USP esse ano, não vou deixar de lado essa oportunidade para tentar a UFMG. No momento, estou encostada em uma árvore perto do portão da escola que farei a prova e o mais engraçado é ver os dois grandes grupos de alunos do Objetivo e do Anglo. Chegaram como se fossem gangues rivais prontas para uma guerra de rua. É tão ridículo que dá até vontade de dar risada.

Alguém ainda se assusta com as típicas camisetas: "Já passei e você nem viu"?A vontade é de gritar, esfregar uma faixa na cara deles: AQUI É FEDERAL! AQUI É ACEPUSP! (Vou parar por aqui antes que comece a fazer o meu grande discurso de como esse elitismo enrustido cansa a minha beleza e como o sistema de vestibular é ridículo). Daqui a pouco, entrarei para fazer a prova e verei no que dá. Boa sorte a mim e a todos os meus amigos!

Pouco antes de fazer a prova da FUVEST, encostei-me em um canto, e escrevi em uma nota as minhas impressões e expectativas. E agora, dois dias após a prova, resolvi fazer os meus comentários pós-prova.

Entre os vestibulandos, há um enorme receio quando se fala de FUVEST. O boato que corre é que a prova é algo quase que demoníaca. Posso dar minha singela opinião? Não é tudo isso. É uma prova difícil? Sim. Mas, ao mesmo tempo, é uma prova de fórmulas e respostas um tanto prontas. Por ter frequentado o Objetivo, digo que quem está em um colégio forte desde pequeno tem chances enormes de passar na primeira tentativa, simplesmente porque a FUVEST requer um pequeno robô. Não é senso crítico, e sim, uma série de padrões que são cobrados.

É nítido que uma pessoa que é fruto da educação pública é prejudicada, porque os padrões de que falei não são reproduzidos nas escolas dos estados e municípios. Um cursinho pode ajudar? Claro, só que vai ser muito mais difícil para o segundo tipo de aluno do que para o primeiro.

A partir disso, tiro a primeira conclusão sobre a FUVEST: É uma prova para ricos, ou no mínimo, para pessoas com um estilo de vida razoável. "Duda, você está se esquecendo de que tem gente pobre em escolas particulares". Quando falo em escolas particulares, falo das que são realmente fortes em sua maioria: Objetivo, Anglo, Colégio Bandeirantes, Dante Alighieri, entre outros. São esses os colégios em que a mensalidade ultrapassa facilmente mil reais. E bolsistas da classe C são exceções ao sistema, não se pode negar.

Tive 42 acertos. Ou seja, não passei para a segunda fase. Precisava acertar 60 questões, em média, para Direito.

Fiquei triste? Não. Repito o que pensei antes da prova: a USP não é o meu sonho.

Dá para entrar na USP? Dá. Para quem realmente quer, um ano em um cursinho forte (tecnicista, como diria uma professora querida) com uma grande dedicação é a porta de entrada para cursos como Direito, Engenharia ou Arquitetura. Quem sabe até Medicina?

A verdade é que a FUVEST é a grande representante da ponte que existe entre a escola e a faculdade: o vestibular. Como muitos dizem, é uma ponte estreitíssima, apertada, meio bamba. Não é para todos, é cheio de preconceitos, de paradigmas difíceis a serem quebrados, porque no fim das contas, o vestibular não prova se uma pessoa é ou não inteligente. Pelo contrário, permite a entrada de pessoas que, muitas vezes, são alienadas e reprodutoras de ideias problemáticas.

Anseio pelo dia em que os vestibulares serão extintos e as escolas mudarão sua forma de agir em relação ao mundo. Possivelmente, quando isso ocorrer, pode ser que não só a educação mude, mas também todo o mundo.




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3 coment�rios

  1. Parabéns! Acho que só pelo seu texto você deveria ganhar uma bolsa pra lá, mas valeu a tentativa, boa sorte em outras provas.. .:D

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  2. Obrigada, Mikaely!
    E valeu por comentar!

    Beijos!

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  3. Duda, primeiramente: PARABÉNS PELO BLOG!
    Me identifiquei bastante com este post em especial, porque trata-se do meu dilema. Há dias estou pensativa e muito nervosa sobre a FUVEST deste ano. Sobre como conseguirei conciliar, ensino médio e cursinho, e confesso que este post me ajudou bastante.
    Mais uma vez, parabéns e boa sorte!

    beijos

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