Eu sou péssima em relacionamentos

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Já começo esse texto dizendo: Sou péssima em relacionamentos. Não sei bem o momento que percebi que seria uma total fracassada no campo amoroso da vida, mas tenho leves recordações sobre achar que um dia eu superaria minhas dificuldades. Alguns tempos depois, uma série de beijos trocados, todos os rolos desarrumados e todas as histórias mal-contadas, eu cheguei à conclusão que não dá pra mim.

Em alguns momentos – como agora – eu paro, observo a minha vida, penso sobre o que vivi, penso nas conversas banais trocadas com aquele cara na esquina, sobre o cara que eu sempre achei bonito, sobre as pessoas que não fui capaz de manter qualquer coisa. De certa forma, acho que essa questão está tão presente em minha cabeça porque estou me sentindo velha – não em um sentido cronológico, mas em um estado de espírito.

Chego próxima aos vinte anos com uma incapacidade notável de fazer contato com outras pessoas, sem nunca ter namorado, sem uma constância real na minha vida. Meus amigos mais próximos já se acostumaram com a ideia de que nada permanece por muito tempo na minha vida. Não porque eu não quero, mas porque simplesmente não acontece, e bem, se eu tivesse entendido o porquê, eu não estaria aqui escrevendo esse texto.

Em alguns momentos, tento acreditar que eu sou muito complexa para todo esse sistema romântico. Vez ou outra, aceito que sou só idiota mesmo. É um tanto assustador ver pessoas da minha idade casarem. É um tanto assustador ver pessoas em relacionamentos de cinco, seis, sete anos. É um tanto assustador saber que meus pais estão casados há quase vinte e cinco anos e que meus avós estão pertos das bodas de ouro.


Na companhia de uma taça de vinho que roubei de meus pais, acabei por colocar a música mais clichê que eu ouvia em 2010, mexi nos meus cabelos, olhei para o teto e tento, de alguma forma insana, tentar prever o futuro. 

Mas acalmem-se, não estou aqui em uma confissão desesperada em uma busca por um amor que tem um roteiro semelhante a um filme da década passada. Pelo contrário, não tenho relacionamentos porque não quero. E talvez nisso que esteja resumido meu grande problema em tentar seguir os padrões normais dessa vida: eu sou muito minha, minha e de mais ninguém. E quem é que está preparado para aceitar alguém que nunca vai ser realmente sua?

Quem é que está pronto para receber em sua vida uma garota insana, que some durante duas semanas, mas volta com os abraços mais acalorados? Quem está pronto para receber um “Não, eu não vou ficar em casa só porque você quer”? Quem está pronto para aguentar alguém como eu? Toda fora dos eixos, toda doida, com gritos estrondosos?

Porque, no fim das contas, eu sou a garota confusa, que escreve, que se sente perturbada, que se desenha como puta e santa sobre o mesmo cenário. No final do dia, eu sou a que vai reclamar da incompetência dos outros, que vai gritar, que vai se arriscar, falar meia dúzia de palavrões seguidos, revirar os olhos e socar a parede mais próxima.




Tenho a leve impressão que me perdi no que queria escrever nesse texto, mas de forma geral, só queria ressaltar o quão péssima eu sou em me relacionar com as pessoas. Sabe aquele enredo de Hollywood onde a garota tem a reflexão antes de viver algo incrível? Bem, acho que parte da minha mente (e do meu coração) querem viver dias loucos e inesquecíveis.

E tudo isso porque, no fim das contas, a banalidade cansa. Cansa não permitir que as pessoas conheçam você. Cansa não ter uma ligação mínima. Cansa não ser amiga das pessoas que você troca uns beijos. O fato é que eu não quero muito, mas quero algo que ainda não consegui descrever.

Continuo sendo péssima em relacionamentos, e talvez isso se mantenha até o final da minha vida. Talvez no próximo ano eu largue minhas inseguranças de lado e deixe alguém, finalmente, entrar em minha vida. Quem sabe daqui dez anos, quando eu estiver fazendo um mochilão pela Finlândia, eu tenha uma conexão incrível aleatória com alguém que vai tropeçar em mim?


Quem sabe o que é que vai ser dessa vida, não é mesmo?



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1 coment�rios

  1. Não se sinta mal por ser tão você, eu sou assim e um pouco mais e me sinto bem comigo mesma, sem dar muita importância pros padrões de relacionamento amorosos ou amizades

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