Sinais de que a vida está passando e a gente está crescendo
11:17
Ontem recebi a notícia
que uma pessoa havia falecido pelas redes sociais. Confirmei com a minha mãe,
era verdade. Ela não fazia parte dos meus dias há muito tempo, na verdade, era
só uma tia distante, que foi casada com o irmão da minha vó. Não sei explicar o
porquê, mas me bateu uma tristeza. Não exatamente pela morte dela, e sim pela
vida em geral. Novamente, a única coisa que eu consigo pensar é a vida é muito
triste e que no fim das contas, somos todos pobres, desgraçados e depressivos.
Ela era nova, a tal da
tia distante. Ela estava ali, e agora já foi, o que me traz sentimentos
desesperadores. Coloquei uma música triste para tocar e vim aqui, escrever,
simplesmente pela necessidade de precisar escrever. Eu estou vendo o mundo
passar ao meu redor. Estou vendo pessoas que brincaram comigo casando,
engravidando. Estou vendo gente que era um projeto de adulto quando eu era
criança envelhecendo e tendo seus filhos já com cinco, seis anos de idade.
Estou vendo os pais das crianças que me cercaram envelhecer. Eu estou vendo o tempo
passar de uma forma ridiculamente dolorida.
A gente vai seguindo a
vida, levando cada dia. A gente levanta, sai correndo porque está atrasado,
esquece o café da manhã saudável que vem sendo prometido há dias. Faz tudo
correndo, porque o tempo não pode ser desperdiçado. Entra aula, sai aula, lava
a louça, suja um copo, deixa uma montanha de roupas sujas se acumularem. A
gente se esquece de lavar o banheiro e depois reclamamos mentalmente sobre a
nossa própria falta de bom senso para se guiar na vida.
Alguns dias são
péssimos para levantar e encarar as pessoas que nem sempre você quer ver. E
então a gente vai fazendo, e faz de novo, e faz mais um pouco. Corre para lá,
já é fim do mês de novo e a conta já está zerada de novo. Deu começo do mês, aluguel
vai vencer, tem a conta da internet para pagar e a casa continua uma bagunça.
Então, a gente recebe a
notícia escancarada de que as pessoas estão morrendo, estão ficando doentes.
Alguns noivaram recentemente, outra vai ter o primeiro filho e aquele casal já
está indo para o terceiro. O bairro da infância já não é mais o mesmo, os
amigos que passaram pela sua vida em outras épocas andam com a vida tão corrida
quanto a sua, e encontrá-los uma ou duas vezes por ano é quase que uma missão
impossível.
De repente, os
classificados de empregos se tornam grandes amigos, e em qualquer lugar que
anuncie uma vaga de emprego ou estágio, lá está você. Parece que o mundo anda
batendo na nossa cara, dizendo: “Ei, você! Isso mesmo, você aí que ainda é
sustentado pelos pais, acorda cedo, para com isso, vai trabalhar, anda logo,
você precisa dar conta da vida”.

Acho que tudo isso que
digo e escrevo até aqui são sinais implícitos da vida para me avisar que eu
estou crescendo e que cada dia passará mais rápido. As pessoas vão embora,
aceite. Seus amigos vão se mudar de cidade, aceite. O mundo vai envelhecer e
você vai ficar velho junto com ele, aceite.
É uma droga tudo isso,
não é mesmo? Não sei lidar e também não sei se um dia aprenderei a lidar. Já
estou cansada e minha vida mal começou. Suponhamos que eu viva até os oitenta
anos: ainda preciso viver três vezes o que eu já vivi. Pensar por esse lado me
deixa mais desesperada ainda.
Não quero mais crescer,
não quero perder as pessoas que amo, não quero sofrer pressões sociais. Não
quero viver cada dia com medo de que no amanhã algo ruim aconteça. Eu não
saberei lidar se eu perder tudo e todos. Eu não sei lidar com as mudanças que
andam ocorrendo. Não sei lidar com a grande chance de não ser feliz. Não sei
lidar com essa vida que só nos suga, só nos fere, só nos machuca. Não sei e
acho que nunca vou saber.
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