Momento nostalgia: "Ser criança é mágico"
22:54
Hoje
é o dia das crianças. Hoje é o dia que eu vou escrever mais uma vez de forma
nostálgica. Começo dizendo que passou muito rápido. Começo repetindo
mentalmente alguns clichês. Começo me lembrando do meu aniversário de 10 anos
de idade. Começo escrevendo que tenho saudades. Mas quem não tem?
Ser criança é acreditar que você vai
fazer um plano absurdo para sua vida e vai funcionar, porque nada dá errado
quando se tem oito anos de idade. Sinto falta de quando minha maior preocupação
era achar aquele brinquedo perdido. Sinto falta de quando minha maior vontade
era “madrugar” – mesmo que eu dormisse dez minutos depois. Hoje em dia, eu só
quero dormir o máximo possível. Madrugada virou hora pra estudar.
E as apresentações do colégio? Eram
emocionantes. Ir ensaiar danças engraçadas em vez de pintar aquele desenho ou
entender como dois mais três era cinco. Apresentação de dia das mães, teatros e
danças. Que saudades. E as lições
coladas no caderno que eram feitas a partir do estêncil? Lembro que no recreio
eu corria atrás dos garotos pra bater neles. Agora é só se preocupar com
provas, trabalhos, relatórios e vestibular.
Sinto falta de ter medos banais.
Eles eram resolvíveis. Talvez os meus medos atuais também sejam, no entanto,
hoje só queria ter medo da minha mãe brigar comigo. Meus medos passaram a ser
tão internos que me tornaram mais confusa.
Lembro-me de quando fazia
piqueniques no jardim de casa com a minha prima. Ou de quando eu tornava o
quintal da minha casa numa grande base operacional de missões secretas da CIA.
Eu era a melhor agente secreta. Eu resolvia todos os mistérios facilmente. Eu
era muito briguenta. Vivia batendo nas minhas primas. Acho que elas não sentem
falta disso. Eu também não, entretanto é engraçado. Ser criança é mágico.
Em um segundo, eu dava a volta ao
mundo. Em um minuto, eu era a estilista mais famosa do mundo. Logo depois, a
garagem da minha casa virava um palco para eu me ver como uma grande cantora. Às
vezes, a escada da sala se tornava um carro onde eu colocava minha irmã – com
pouco mais de um ano – algumas bonecas e pegava as estradas da vida.
O legal de ser criança é que você
simplesmente acredita, não precisa de motivos. Sempre há um fio de felicidade
dentro do coração. Criança acha a solução mesmo quando não há. Criança é
criança. A vida não era uma coisa fácil, porém era encarada como a aventura que
nos treinam pra viver desde que nascemos.
Se eu pudesse, eu trocava o que
tenho para ser a Duda de cinco anos novamente, que usava óculos e duas
trancinhas. Pela Duda que queria ser cabelereira. Se eu pudesse, voltava a
brincar no quintal da casa da minha avó sem responsabilidade alguma.
Lembro-me do ano de 2002. Brasil foi
pentacampeão. É o ano que tenho minhas lembranças mais facilmente. Foi o ano
também que eu pensei que demorou muito pra acabar. Hoje, onze anos depois, eu
mal respirei e já estamos em outubro. Saudades desses anos, das maquetes
escolares, da minha bicicleta rosa-escuro.
Saudades do dia que escrevi “De
repente” junto e minha mãe me fez reescrever várias vezes separado. Depois
disso, nunca mais errei. Ah, quase me esqueci dos dias que minha mãe ia ao Brás
comprar roupa e no fim do dia chegava com uma sacola com blusinhas coloridas e
calcinhas estampadas. Que tempo bom.
Acho que já tornei este texto repetitivo,
e aleatório também. Todavia, essas características fazem jus à infância: Dias
repetidos, brincadeiras repetidas, sentimentos aleatórios, momento aleatórios,
mas tudo isso forma uma grande caixa chamada “Lembranças”.
Em alguns dias, quando crescemos,
abrimos essa caixa. Olhamos algumas fotos, reviramos alguns momentos, revivemos
algumas felicidades. E depois disso, nos lembramos de levantar a cabeça, seguir
em frente, enfrentar nossos problemas, para que quando estivermos com oitenta
anos, possamos dizer à criança que fomos um dia: “Nossos sonhos se
concretizaram. Nós fomos felizes. Nós cumprimos nosso destino”.
Feliz dia das crianças, e um bom
resto de vida.
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