Quantas vezes teremos que nos despedir?
17:00
Dizer adeus é uma das maiores dores da vida. Aprendi isso recentemente com os novos rumos que minha vida vem tomando. Quando eu era pequena, sempre dizia que ia embora, que ia conquistar um mundo. Era tão fácil falar que eu nem me dei conta do quão rápido passou a vida, e que a hora de partir tinha chegado. "Como assim? É verdade que eu já cresci?". Como já disse várias vezes, a vontade é de pedir para o tempo parar, para o mundo desacelerar. Eu tenho dezoito anos e comecei a fazer minha vida agora, e com toda a minha impetuosidade, comecei ela longe de tudo que eu conhecia, de tudo que me acolhia, de tudo que me abraçava desde o dia que dei as caras neste mundo louco.
Nunca achei que ia doer tanto ir embora, crescer, ser um projeto de adulta. Mas dói. É um tal de por sentimentos à prova que dá para cansar de chorar. Cada partida é como um band-aid arrancado sem
dó, sem um pingo de misericórdia. Escrevo este texto chorando. Choro porque é uma droga ter que crescer. Choro porque é um porre ter que ir embora. Choro porque amo. E amo porque sou humana.
É nessa horas que percebo o quanto minha humanidade é fadada a ser testada todos os dias. Demorei dezoito anos para perceber o quanto um abraço pode significar uma vida inteira. Demorei quase que uma eternidade para descobrir que eu sou frágil, que quebro fácil, que sou loucamente amada.
Não se trata de uma tristeza pura e simples, mas da dificuldade de entender que não há como ter o melhor de duas vidas. Não dá pra ser independente, explorar o mundo, viajar, crescer e ao mesmo tempo, ficar debaixo das asas da minha mãe. É um saco ter que admitir, por isso, chorarei mais um pouco por essa realidade jogada na minha cara.
Eu sei que eu tenho que ir, já era hora de partir. Chega um momento que a vida empurra, não se importa com o riso nem com o choro. Talvez saber que eu preciso ir deixa tudo mais complicado, me perco nos meus próprios passos. Talvez porque finalmente caiu um peso forte sobre os ombros ao perceber que aquela lei de Newton que falava sobre como o que está parado tende a permanecer parado talvez não sirva só para a física.
Releio meu texto e percebo um número imenso de "talvez" implícito e explícito. Como lidar com toda essa dúvida, com todo esse medo? Despedir do que era tão seguro para mim não é apenas um grande desafio, mas também encarar o meu íntimo mais profundo, que na maioria dos meus dias foi disfarçado pelas pessoas que me cercavam. Construir o novo revela muito mais de si do que é possível imaginar.
Um apanhado de novas aventuras me aguardam. Uma porção nova de vida me espera. Novos amores, novos amigos, novos desafios. É hora de seguir o caminho que, estranhamente, parecia estar traçado a muito tempo. É hora de olhar para o passado e orgulhar a menina que fui, que tinha a audácia de dizer, aos doze anos, que ia estudar Direito em uma universidade pública. É hora de ir, de encontrar a coragem da garota que prometia a si mesmo nas noites escuras que enfrentaria o que viesse, sem medo se machucar, cair, errar. É hora de crescer.
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