Da série de lições que 2015 me ensinou: Abra as cortinas, garota
17:08
Começo
esse texto assumindo que 2015 foi um ano que muitas coisas mudaram em minha
vida. É fato que sempre mudamos, que sempre nos renovamos e que a história se
reconstrói de inúmeras formas. Não sei se posso classificar o que percebi ao
longo desse ano como aspectos de uma evolução espiritual e humana, mas
definitivamente, algo está diferente, e principalmente, eu, enquanto indivíduo,
estou diferente.
Nas
minhas observações confusas do mundo e do que me cerca, vi tanto de tudo.
Comecei o ano com uma intransigência gigantesca, em um medo desenfreado de me
abrir para o novo que poderia ser oferecido a mim. De modo simples, julguei
meticulosamente as pessoas ao meu redor. Estabeleci valores. Ditei para mim
mesma quais seriam as pessoas que eu traria para a minha vida e quais nem eram
dignas de minha atenção.
Ah,
que dolorosa falha minha! É óbvio que não podemos fazer de nossas vidas um
circo bagunçado, onde qualquer um entra, mas talvez seja preciso transformar
nossas vidas em uma casa com algumas janelas em que as cortinas estejam
abertas, em que o portão fique encostado, com um jardim adorável na frente.
Talvez até um banco do lado de fora para acomodar as pessoas que não estão preparadas
para estarem juntas de toda a tralha que carregamos ao logo dos dias em que
vivemos. Como as pessoas entrarão em nossas vidas se não dermos oportunidade
para que elas batam em nossas portas, toquem a campainha?

A
minha recusa em viver a vida me privou de muitos momentos. A minha recusa em
encarar de frente os meus problemas e dificuldades gerou dores da alma que
abalaram minhas frágeis estruturas. A minha recusa em olhar além da aparência
me fez perder a chance de construir grandes amigos. Os meus pré-conceitos
barraram dias únicos que não foram vividos e ficaram perdidos na imensidão do
espaço-tempo.
Não
me arrependo do que fiz e deixei de fazer, porque nas minhas estranhas
reflexões, consegui assumir o que eu andava sendo e não dá para ser mais. Deu
tempo de olhar, de ficar chateada comigo mesma, e de assumir que é hora de
mudar.
Vivemos
ciclos, é fato. 2015 se esvai entre meus dedos, perdendo-se pela eternidade,
e deixando uns cochichos ao pé do ouvido: “Ei, garota. Deixa de ser teimosa, as
pessoas não são tão chatas assim. E se são... Bem, você também é chata. Esconda
as chaves do seu coração por uns tempos, você anda precisando. Olhe no espelho,
encare seu eu interior e pare de se esconder de tudo e de todos, inclusive de
si mesma. Medo não é o problema, mas ele nunca anda em sua frente. Deixe o sol
entrar nos espaços vazios da sua alma. Abra as cortinas, garota”
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