Da série de lições que 2015 me ensinou: Abra as cortinas, garota

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Começo esse texto assumindo que 2015 foi um ano que muitas coisas mudaram em minha vida. É fato que sempre mudamos, que sempre nos renovamos e que a história se reconstrói de inúmeras formas. Não sei se posso classificar o que percebi ao longo desse ano como aspectos de uma evolução espiritual e humana, mas definitivamente, algo está diferente, e principalmente, eu, enquanto indivíduo, estou diferente.

Nas minhas observações confusas do mundo e do que me cerca, vi tanto de tudo. Comecei o ano com uma intransigência gigantesca, em um medo desenfreado de me abrir para o novo que poderia ser oferecido a mim. De modo simples, julguei meticulosamente as pessoas ao meu redor. Estabeleci valores. Ditei para mim mesma quais seriam as pessoas que eu traria para a minha vida e quais nem eram dignas de minha atenção.

Ah, que dolorosa falha minha! É óbvio que não podemos fazer de nossas vidas um circo bagunçado, onde qualquer um entra, mas talvez seja preciso transformar nossas vidas em uma casa com algumas janelas em que as cortinas estejam abertas, em que o portão fique encostado, com um jardim adorável na frente. Talvez até um banco do lado de fora para acomodar as pessoas que não estão preparadas para estarem juntas de toda a tralha que carregamos ao logo dos dias em que vivemos. Como as pessoas entrarão em nossas vidas se não dermos oportunidade para que elas batam em nossas portas, toquem a campainha?

Às vezes, estamos tão acostumados a recusar o novo em nossa vida que nos escondemos dentro de armários e ainda reclamamos do quão parados estão os nossos dias. A verdade é que estar acomodado é tão simples, que preferimos sofrer dores esquisitas, ficar trancado em casa, perder felicidade grandes e pequenas, não participar de momentos especiais porque nos recusamos.

A minha recusa em viver a vida me privou de muitos momentos. A minha recusa em encarar de frente os meus problemas e dificuldades gerou dores da alma que abalaram minhas frágeis estruturas. A minha recusa em olhar além da aparência me fez perder a chance de construir grandes amigos. Os meus pré-conceitos barraram dias únicos que não foram vividos e ficaram perdidos na imensidão do espaço-tempo.

Não me arrependo do que fiz e deixei de fazer, porque nas minhas estranhas reflexões, consegui assumir o que eu andava sendo e não dá para ser mais. Deu tempo de olhar, de ficar chateada comigo mesma, e de assumir que é hora de mudar.


Vivemos ciclos, é fato. 2015 se esvai entre meus dedos, perdendo-se pela eternidade, e deixando uns cochichos ao pé do ouvido: “Ei, garota. Deixa de ser teimosa, as pessoas não são tão chatas assim. E se são... Bem, você também é chata. Esconda as chaves do seu coração por uns tempos, você anda precisando. Olhe no espelho, encare seu eu interior e pare de se esconder de tudo e de todos, inclusive de si mesma. Medo não é o problema, mas ele nunca anda em sua frente. Deixe o sol entrar nos espaços vazios da sua alma. Abra as cortinas, garota”


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